quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Ela
De manhã cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah, como essa santa não se esquece
De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão
Depois sorri meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo que a faz assim feliz
Essa mulher - Joyce
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Espelho, espelho meu
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Nostalgia
A vó fazendo bife acebolado
Eu, na cozinha, saboreando o cheiro, espiando o vô piar,
sonhando em voar.
Descompasso
eu que procuro poesia
só encontro arritmia
não será isso a poesia?
um coração sem ritmo
um pensamento sem métrica
o pulso correndo sem veia?
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Pausa
Respiro
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Quase tudo
De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho
Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso
Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada
(Quase nada - Zeca Baleiro e Alice Ruiz)
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Resposta e os meus últimos minutos
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Um estranho comum
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Esclarecendo
Por quê?
Por que nascemos para amar, se vamos morrer?
Por que morrer, se amamos?
Por que falta sentido
ao sentido de viver, amar, morrer?
E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?
Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.
Drummond
terça-feira, 16 de junho de 2009
Desenredo
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Triste
Sim eu também chorei
E não, não há nenhum remédio
Pra curar essa dor
Que ainda não passou
Mas vai passar!
A dor que nos machucou
E não, não há nenhum relógio
pra fazer voltar... O tempo voa!
Triste é não chorar
Sim eu também chorei
E não, não há nenhum remédio
Pra curar essa dor
Que ainda não passou
Mas vai passar!
A dor que nos machucou
E não, não há nenhum relógio
pra fazer voltar... O tempo voa!
Eu não suporto ver você sofrer
Não gosto de fazer ninguém querer riscar o seu passado
E o que passou, passou
E o que marcou, ficou
Se diferente eu fosse será que eu teria sido amado?
Por você, por você
Nando Reis - Ainda não passou
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Ocupação
Esse espaço sempre foi tão meu,
de repente se perdeu, esqueceu-se de ser só,
vazio, cheio de mim mesma
sem espaço pra mais um.
Sufoco. Aperto.
Aqui não cabe mais ninguém.
Nesse latifúndio eu sempre me perdi sozinha.
Sai daqui.
Por favor, não força, não empurra
Aqui não cabe, nunca coube.
Vai pra lá. Desgruda. Desembrenha.
Você já me tem inteira,
pra que me fazer metade, sem essa parte?
Daqui eu não abro mão.
Não encosta mais, não.
Eu quero respirar, me achar
Onde é que eu fui parar?
quinta-feira, 21 de maio de 2009
O trabalho
Ela estava enlouquecida, destroçada, desorientada. Não comia, não trabalhava direito, não asssistia ao noticiário. Só queria uma coisa: que ele voltasse. E com aquela sua força anêmica, faria o que fosse para tê-lo de novo. Mariana era doce. E brava. Seus 27 anos haviam lhe ensinado pouco sobre o amor. Mas ela não queria aprender, só queria viver. Com ele, pra ele, por ele. Carlos chegou num domingo, meio sem jeito, logo pela manhã e sem beijá-la disse: “Não dá mais”. Ela não entendeu, não poderia jamais entender, e replicou: “O que não dá mais, meu amor?”. “Eu e você. Não dá mais. Adeus.” Paralisada, ela deixou que ele atravessasse o corredor, abrisse o portão e saísse. Um grito percorreu-lhe a espinha. Não saiu pela garganta. Tentou o celular; ele voltaria e explicaria aquele disparate. O aparelho estava programado para não receber suas ligações. A porta da casa dele não mais se abriria para ela. Mandou emails, cartas. Nenhuma resposta. Fez plantão na porta da empresa e ele não pôde fugir. “Estou apaixonado por outra, estamos juntos. Não tem volta.” O grito contido, dessa vez, saiu. Junto com tapas, socos, saliva, palavrões, lágrimas, muitas lágrimas. Ele tentou detê-la, mas vendo que era impossível, se esquivou e a deixou só, com todo o seu ódio, sua decepção, seu amor. A família de Mariana não sabia mais como implorar pra que ela parasse de se rastejar por aquele maldito homem, que a roubara de todos. Sua mãe fazia novenas, rezas, simpatias. Ela mesma apelou para o sobrenatural. Foi num mandingueiro que prometia trazer a pessoa amada de volta, em 24 horas (se fosse da Grande São Paulo, claro). Mais de 24 semanas se passaram e Mariana era só lamento, amargura, saudade. Não entendia por que o queria tanto, mas sabia que não desistiria. Uma amiga que morava no exterior a convidou para uma temporada. Novos estudos, novas pessoas, quem sabe um novo amor. Nada a dissuadia. Era ele, Carlos, o homem com quem fez os planos mais lindos da sua juventude, que lhe mandava flores em datas especiais, que pegava seus sobrinhos no colo, o seu único e possível desejo. No terreiro de Mãe Zezinha, os búzios alertaram: “Você é filha de Iemanjá, ainda vai sofrer muito de amor!” Mariana foi ao mar, levou flores brancas, pulou as sete ondas e pediu a sua mãe que tivesse compaixão dela, que devolvesse o seu homem. Iemanjá talvez estivesse muito ocupada. Carlos foi à polícia dar parte de Mariana. Não suportava mais suas perseguições, ameaças, sua falta de amor próprio. No início, ele ainda sentiu-se envaidecido. Mas agora tinha mesmo muita raiva dessa desvairada que não o deixava andar com sua Ritinha pelo parque, impunemente. Se Iemanjá não a ajudava, só restava a Mariana solicitar socorro a uma entidade mais mundana. De volta ao terreiro de Mãe Zezinha, deixou tudo acertado: o despacho seria à meia-noite, da próxima sexta-feira, dia 13. Ela não entendeu por que a entidade havia exigido que fosse numa encruzilhada daquela zona de meretrício. Pouco importava. Iria até o inferno se lhe garantissem o sucesso da empreitada. Rosas vermelhas, perfume de gosto suspeito, cigarrilha, uma calcinha fio dental preta, saia rendada, champagne em uma taça colorida, pulseiras douradas. Estava tudo pronto, distribuído exatamente como mãe Zezinha orientava. “Agora fuma e bebe, minha filha. Foi isso que Maria Padilha mandou”. Mariana, mais uma vez, assentiu, sem questionar. “Sente o perfume da flor, põe a saia e gira sete vezes", ordenou a senhora. Terminado o ritual, Mariana deixou as oferendas e foi para casa. No dia seguinte, acordou sentindo-se estranhamente bem. Saiu da cama com um sorriso malicioso nos lábios, e depois de um banho de cheiros que ela não conhecia, pegou no armário um vestido curto, intato. Dispensou o sutiã e encaixou os seios pequenos, mas rijos, no decote. Salto alto e batom vermelho. Ao vê-la sair, a mãe perguntou se ela teria alguma festa naquele dia. Sem responder, soltou uma gargalhada estridente. Sentiu-se arrebatadoramente sensual. Os olhares que a seguiam até o ponto do ônibus comprovavam. O sorriso malicioso não saía dos lábios. Os olhares masculinos não desgrudavam do decote. Sem ódio ou saudade, seu coração estava limpo. Seu corpo estava tomado de desejo. Poucos dias se passaram e, sem que Mariana se lembrasse mais daquela encruzilhada, Carlos a procurou. Seguro, deixou recado em sua casa, para que ela retornasse. Mariana deu de ombros, quando a mãe, palpitante de felicidade, lhe contou sobre o milagre daquela aparição. Ninguém entendia nada. Do mesmo jeito que havia definhado de tristeza, Mariana agora desabrochava de beleza e vigor. Sua pele exalava cheiro de fruta, terra, mar, tudo misturado. Carlos a chamou no celular. Indiferente, Mariana não o atendeu. Também mandou bombons finos, que ela distribuiu entre as vizinhas de baia. Por fim, magro, abatido, desesperado, esperou-a no portão por onde havia saído há oito meses. Mariana não pôde fazer nada; não quis fazer. Mandou-o embora, sem sintoma de rancor ou piedade. Estava ocupada demais para recordar amores juvenis.
Devorando todos os homens que a encaravam com firmeza, ela, finalmente, o enterrou. Ainda lembrou do Carlos, certa vez. Na cama de um de seus amantes mais vorazes, primo do falecido, foi questionada sobre o fim daquela relação. Soprando a fumaça do cigarro para cima, olhar sacana, sentenciou: “Ele era broxa”.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Autorretrato
Se eu fosse um lugar, eu seria ...
Se eu fosse um mês do ano, eu seria ...
Se eu fosse um dia da semana, eu seria ...
Se eu fosse um gesto, eu seria ...
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Especialistas
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Um casal
P.S.1: Risoleta e Rigoberto são nomes fictícios e preservam a identidade dos reais personagens dessa trama.
P.S.2: Essa história pode vir a ter continuação.
terça-feira, 31 de março de 2009
Vó
O dia nasceu tão vibrante, com um brilho no olho das janelas que não deu: lembrei-me de minha avó, a Maria de Jesus. Vó do céu, que saudade, meu colo mais vibrante, a gargalhada que me fazia cócegas. Um amor desse, minha gente, um amor desse um dia perde o corpo e você não o ouve mais. Vou regar o jardim, que precisa de água, e caso você possa abraçar sua avó, diga que eu a amo também.
(Andréa del Fuego)
quinta-feira, 26 de março de 2009
Hoje
Porque você chegou assim
Derramando poesia em mim
Inaugurando meu caderno
De pressentimentos bons
Por todas as noites e tardes
E amanheceres intensos
Pelos longos dias que passaram rápido
Pela história de prosperidade incerta
Mas de tanta inteireza e entrega
Eu te guardo na lembrança mais bonita
(Por todas as páginas que vestimos pra nos desnudarmos)
Meu menino bom
Meu poeta particular
Meu amante voraz
Por você se derramar
Até eu ficar molhada
Jamais esquecerei tuas incandescências
E esse amor que acendeu em mim
Novas exuberâncias
E se nunca havia me comprometido com tanta certeza
É porque eu tentava caminhar onde não havia espaço
(E no seu abraço eu encontrei o caminho mais perfeito pro meu próximo passo)
Marla de Queiroz
quinta-feira, 12 de março de 2009
O balanço
Pra lá e pra cá
Pra cá e pra lá
Vontade de deixar ir
E se ele não voltar?
Preguiça desse balançar
Volta aqui, amor
Deita no meu colo
Tira o frio da minha pele
Me embala com vagar
Medo desse balançar
Será que cai?
Será que vai?
Pra não voltar?
Volta aqui, amor
Se balançar demais
Meu coração pode escapar
Escapa, não
Não tem vazão
Balança pra lá, balança pra cá
Gira, cambaleia
Suspende, repousa e se arrima
No riso desse teu olhar
terça-feira, 10 de março de 2009
Dia D
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz
(Valsinha - Chico Buarque)
quinta-feira, 5 de março de 2009
?
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Dores, saudades, remédios
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Odoyá!
Iemanjá, Iemanjá
Iemanjá é dona Janaína que vem
Iemanjá, Iemanjá
Iemanjá é muita tristeza que vem
Vem do luar no céu
Vem do luar
No mar coberto de flor, meu bem
De Iemanjá
De Iemanjá a cantar o amor
E a se mirar
Na lua triste no céu, meu bem
Triste no mar
Se você quiser amar
Se você quiser amor
Vem comigo a Salvador
Para ouvir Iemanjá
A cantar, na maré que vai
E na maré que vem
Do fim, mais do fim, do mar
Bem mais além
Bem mais além do que o fim do mar
Bem mais além
Canto de Iemanjá (Baden e Vinícius)
Singelo
eu queria te escrever bonito
porque feio já escreve todo mundo
mas se eu sou parte do mundo que é todo
do mundo que é lindo
como pode ser feio o que tenho no fundo?
como pode ser bobo o que tenho no todo?
só pode ser lindo o amor que te tenho
só pode ser todo o que vive no fundo
eu queria te escrever bonito
pra esse amor nunca faltar no teu mundo
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Escolhas
Pela alegria, pelo amor
Pelas coisas bonitas
Eu vou torcer
Eu vou
Pelo inverno, pelo sorriso
Pela primavera, pela namorada
Pelo verão, pelo céu azul
Pelo outono, pela dignidade
Pelo verde lindo desse mar
Pelas coisas bonitas
Eu vou torcer
Eu vou
Eu vou torcer pela paz
Pela alegria, pelo amor
Pelas coisas bonitas
Eu vou torcer
Eu vou
Pelas coisas úteis
Que você pode comprar
Com dez reais
Pelo bem estar
Pela compreensão
Pela agricultura celeste
Pelo meu irmão
Pelo jardim da cidade
Pela sugestão
Pelo amigo
Que sofre do coração
Pelas coisas bonitas
Eu vou torcer
Eu vou
Eu vou torcer pela paz
Pela alegria, pelo amor
Pelas coisas bonitas
Eu vou torcer
Eu vou
Om shanti, shanti shanti
Hari Om
Eu vou torcer pela paz
Pela alegria, pelo amor
Pelas coisas bonitas
Eu vou torcer
Eu vou
Eu vou torcer pela paz
Eu vou torcer pela paz
"Eu vou torcer pela paz
Pelo amor, pela alegria
Pelo sorriso
Eu vou torcer pela amizade
Pelo céu azul, pela dignidade
Pela tolerância, pela natureza
Pelos meninos, pelas meninas
Por mim, por você
Eu vou torcer! Eu vou torcer!"
(Eu vou torcer - Jorge Benjor)
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Oferta
domingo, 4 de janeiro de 2009
É tão bonito ...
O meu coração hoje tem paz
Decepção ficou pra trás
Eu encontrei um grande amor
Felicidade enfim chegou
Como o brilho do luar
Em sintonia com o mar
Nessa viagem de esplendor
Meu sonho se realizou
A gente se fala no olhar, no olhar
É água de chuva no mar, no mar
Caminha no mesmo lugar
Sem pressa, sem medo de errar
É tão bonito, é tão bonito o nosso amor
A gente tem tanto querer, querer
Faz até a terra tremer, tremer
A luz que reluz meu viver
O sol do meu amanhecer
É você
(Água de Chuva no Mar - Beth Carvalho)
Ano Novo
E, como não poderia deixar de ser, faço minha lista de desejos para 2009:
- infinitos sorrisos da Gabi