quinta-feira, 5 de março de 2009

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“Pra onde vamos?” Achei que essa fosse a pergunta. Pra uma casa grande, um apartamento menor, um, dois quartos, uma casinha com espaço pra roseira, um canto pro cachorro? Estava apreensiva e feliz. As minhas, as suas coisas, adiante as nossas, e assim nos arranjaríamos com os nossos sonhos, dificuldades e certezas. De repente, essa sentença ficou grande demais. Perdeu sua convicção por esse chão árido da convivência e ganhou força apenas na dúvida: Vamos??? Eu era assim, você assado, eu fazia aquilo, você não fazia isso. Éramos dois estranhos: perfeitos um pro outro! Nada mais natural do que planejar uma vida inteira juntos, pra caber toda vontade dos nossos olhos ávidos e encantados. Com todos os meus pés no chão, e alguns atrás, escolhi me apaixonar por você. Por você? E quem era você? E você? Por quem se apaixonou? Estamos apaixonados pelas pessoas que somos, que fomos, que seremos? Existencialismo, agora, talvez não ajude muito. Só queria te dizer que há muito não sonho com príncipes. Nunca tive muita paciência pra contos de fadas. Fantasia, pra mim, sempre perpassou a humanidade que não cabe nas fábulas. Gosto mesmo é daquele alumbramento de que falou o Bandeira. Mas aí é quase revelação e não se pode questionar muito. Somos inquietos demais; nisso nos parecemos. Você, menos aventureiro, quer garantias. Eu, sempre, sempre e sempre, teimosia tatuada na alma, querendo ver o que é que tem lá na frente, o que é que vai ser. Será??? Tudo complicou quando eu decidi que não ia dar bola pra esse tal de destino. De lá pra cá, a única maneira de conhecer o final de uma história é chegando na última linha do último capítulo. Claro, não é persistência gratuita. É quase uma saudade antecipada me imaginar sem esse carinho que você me faz com o dorso da mão. Será que a gente já se conhece tanto pra dizer que não? Ou precisamos nos conhecer ainda mais pra dizer que sim? Aquele sim que a gente disse quando só sabia da delícia de uma recém-descoberta. Eu queria mesmo é que fosse lindo e simples como prometemos. Apenas aquele amor feinho da saudade roxa, multicolorida. Tentamos? Continuamos? Sim, eu quero.

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