segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Estranho domingo de festa

Quando eu ouvi o teu nome, ao telefone, naquele domingo difícil, sabia que estava sem salvação. O coração desavisado deu um pulo e não se lembrou da febre seca que o teu sumiço previsível deixou no meu corpo, em pleno Carnaval. Naquele domingo em que tudo ia em ritmo marcado, aborrecido, e eu tentava distrair uma ansiedade pulsante, que me saía pela boca. Tua voz, teu nome ... Era isso, então? E a minha meia hesitação foi desarmada pelo som do teu sorriso. Sorriso melodia esse teu! Estava certo: eu iria te ver. Sem nenhuma chance pro meu discursinho-feminista-revanchista-de-quinta. Eu não iria pra ouvir as tuas histórias, aceitar as tuas desculpas, nem pedir qualquer promessa. Eu iria mesmo pra me achar nos teus braços e me impregnar de novo do teu cheiro de homem que sabe o que quer. E assim foi. Sem se importar com a presença do garçom, você arrancou meu vestido com os olhos, enquanto minha boca afagava cada imperfeição desenhada no teu rosto. Sua barba malfeita amaciou minha pele, espantando os meus medos. Então, com destreza de amante, você me levou pra casa e colocou um jazz bem no meio do meu domingo assustado. Já era noite, mas você me deu uma manhã inteira de piano e sax. Sol antecipado às três e vinte da manhã. Ainda não sei bem com que mágica amadora você fez aparecer aquela flor vermelha no fim do meu domingo borrado de cinza. Estranhos esses domingos que começam inapetentes, cheios de nuvens escuras, e acabam com um gol que define o campeonato, marcado aos 45 min do segundo tempo. Estranho acordar sem luz, tateando as paredes vazias e ir dormir embriagada do teu gosto, aconchegada pelo peso da tua mão exata, no meu corpo exausto. Estranho acordar sem sonho e ir dormir em festa. Estranho, tudo muito estranho, nesse começo de segunda-feira sem você.

2 comentários:

Anônimo disse...

ah, lu...pelo menos você não precisa importá-lo! ;-)
saudade!

Anônimo disse...

Acho q eu já li isso antes...