Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
(Fernando Pessoa)
Ainda tô ressentida do que não foi, nem pôde ser. E tenho que aceitar que isso é tudo. Tenho que aceitar que a minha vontade foi só minha. Tenho que aceitar que a vida é assim mesmo. Tenho que aceitar essa coisa que, sem existir, existiu demoradamente só pra mim. E que, demoradamente, aqui está. Tenho que aceitar que as sensações que senti, tão íntimas, já são nada. E se isso é nada, o amor é nada. E se o amor é nada, a vida é nada. Então, dá-me vinho. E que a embriaguez me salve!
2 comentários:
Ái!!!!
Nossa, Lu...tô tão assim também...tão assim que não vou dizer que o sol vai nascer lá fora, amanhã. No fundo, não há nada o que esperar.
Beijo, amiga,
Fê
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