quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Momento escuro

Há doenças piores que as doenças

Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.

Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.

(Fernando Pessoa)

Ainda tô ressentida do que não foi, nem pôde ser. E tenho que aceitar que isso é tudo. Tenho que aceitar que a minha vontade foi só minha. Tenho que aceitar que a vida é assim mesmo. Tenho que aceitar essa coisa que, sem existir, existiu demoradamente só pra mim. E que, demoradamente, aqui está. Tenho que aceitar que as sensações que senti, tão íntimas, já são nada. E se isso é nada, o amor é nada. E se o amor é nada, a vida é nada. Então, dá-me vinho. E que a embriaguez me salve!

2 comentários:

Anônimo disse...

Ái!!!!

Anônimo disse...

Nossa, Lu...tô tão assim também...tão assim que não vou dizer que o sol vai nascer lá fora, amanhã. No fundo, não há nada o que esperar.
Beijo, amiga,