segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Diálogo com a Vida

A vida chegou e disse:
- O que é que você quer?
- Mas eu preciso decidir agora? Me dá meia hora pra pensar?!
- Acelera aí, eu não tenho a vida inteira; quer dizer, você não tem.
- Mas de que me adianta uma vida pela metade?
- Isso é com você. Já te disseram que eu não era fácil. Você devia saber disso.
- Puxa, mas com que pressa você passa! Tô me sentindo atordoada.
- Pois é, vocês adoram atribuir tudo o que dá errado a minha pessoa. Vivem vociferando: "é a vida, é a vida!". Mas, quando é com vocês, querem tirar o corpo fora. Eu não vou carregar tudo sozinha, não!
- Olha, a senhora me desculpe. Geralmente, é só um modo de falar. A gente não consegue explicar tanta coisa e ...
- E aí passam a batata quente pra mim. Mas não vamos mudar de assunto, não. Você já decidiu?
- O quê?
- Como o quê?! O que é que você quer da vida. O que você quer de mim?
- Sabe, Dona Vida, eu tô confusa. Eu quero tanta coisa! Eu tenho direito a quantos pedidos?
- Você deve estar me confundindo com gênios de fábulas. Comigo não há limitação de desejos.
- Não?!
- Claro que não! Aliás, muito me surpreende a sua ignorância. Esses dias ouvi você dizer que se sentia tão preparada para mim ...
- De certa forma, sim. Mas não sei. A senhora está me pressionando, me deixando atrapalhada.
- Preste atenção: você não tem direito só a três pedidos. Podem ser 30, 300, 3000, três milhões. Mas não fique esperando por mim.
- Como, não? Se foi a senhora quem me perguntou?! Por favor, não desista de mim! E eu já tenho a resposta.
- Ótimo, mas eu não quero saber. Eu só precisava te dar esse cutucão. Você nunca ouviu dizer que, às vezes, a vida te cobra?! Agora, não vamos inverter os papéis. Eu sou reponsabilidade sua, e não você minha. Eu não posso te dar o que você quer. Eu só posso fazer com que você se sinta viva.
- E o que eu faço com a minha resposta?
- Como você já deve ter aprendido comigo, ela não tem prazo de validade garantido. Isso que você quer agora pode valer só uns poucos minutos.
- Sim, mas você vai me deixar na mão? Vou ficar sozinha nessa? Eu não sei o que eu faço de você!
- Você não está sozinha. Você tem a mim. Faça o que bem entender: ame, chore, ria, desespere-se, lute, volte a sorrir, cante, encante, salte de pára-quedas, ajude a quem você puder, dance, grite, aperte, assopre, aprenda coisas essenciais ou inúteis, doe-se, receba, compreenda, apaixone-se, rebele-se, aceite, respire, respeite, se vire. VIVA! Só não se esqueça de quem é quem nessa relação. O papel de timoneiro é seu. Não espere que eu te leve.
- Mais alguma recomendação?
- Mesmo nas piores crises, é melhor não se esconder de mim. Não adianta querer me anular, me amortecer. Nós somos uma só engrenagem.
- Eu te quero tanto!
- Eu sei disso.
- Obrigada!
- Vá la fora. Eu chamei o Sol pra te mimar.

3 comentários:

Mônica disse...

Ei, Lú! Que bão que me achou então. Obrigada pela visita carinhosa no meu cantinho. Apareça sempre! E eu sempre estou por aqui. Muita coisa boa. Muitas palavras que me sossegam e me provocam. Que adoçam o meu cotidiano e que me leva a uma viagem sem fim de pensamentos. Obrigada por compartilhar tudo isso que existe dentro de você. Beijãozão!!!
PS- E até o próximo samba...

Anônimo disse...

Você é um talento menina, tá tudo entendido!


Abraço daqueles apertados!

M.

GreitCy disse...

Grande mensagem..toca fundo no pensamento!Não a conhecia e valeu a pena parar para lê-la..
Ótimos dias..semanas e meses para ti! :)