segunda-feira, 9 de julho de 2007

Iara

Hoje vou falar de uma Iara. Ou duas. Uma, a Iara sereia, dos livros de folclore; outra, a Iara mulher, da vida real. A Iara real, diferente da mãe das águas, não tem longos cabelos negros e pele morena. Sua pele é clara como a luz, e seu cabelo loiro vai um pouco abaixo da nuca. Não me lembro de ter visto a Iara mulher banhar-se em algum rio; em mar, sim. Mas ela gosta mesmo é de mergulhar na vida. Mergulhos constantes, de magia e beleza sem fim. A lenda amazônica diz que a sereia Iara é de esplendor irresistível e seduz com seu canto aqueles que a avistam e ouvem. A Iara mulher não arrasta ninguém consigo para o fundo das águas, e ainda que adore as profundidades, já a vi emergir aqueles que dela quiseram ser escravos. A lenda diz também que Iara, antes de virar sereia, era a melhor guerreira da tribo, amada e invejada por todos. Quanta coincidência com a Iara da vida real – que não foge ao bom combate, e muito embora seja de paz, luta com armas brancas contra os perigos de sua existência! Mais um ponto de apoio tem a Iara mulher na fábula da sereia: quem a vê, nunca mais a esquece. Sim, não dá pra passar por ela (passar tendo ficado ao menos um pouco), sem aprender algo essencial, sem acreditar nas cores que não se definem, sem sentir vontade de roubar um pouquinho só da verdade de sua alma. Iara é assim: atordoante! Deve ser mal de nome de sereia.
A Iara real faz hoje 37 anos e, ao contrário da Y-Yára – "a que mora na água", mora em todos os lugares. Porque é um belíssimo sinônimo de liberdade. É tão linda quanto a do mito das florestas, mas sua beleza tem mil brilhos diferentes. A Iara mulher de que falo é a minha melhor amiga, minha irmã querida, a mãe da Mirrah. E é pra ela que eu me rendo em homenagens. Hoje e sempre.

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