quinta-feira, 31 de julho de 2008

Fim de mês

Para T.C.P.S.

Quando será que eu vou encontrar
Paz pro meu coração
Se eu não enlouquecer de amor, eu vou ver minha vida acabar

E pensar em você é alívio
Arrasa solidão
E logo torna-se um precipício, pesadelo que vaga pelo ar

As coisas que eu penso e que ninguém quer entender
As coisas que eu faço e que ninguém deseja ver
É por essas e por outras que eu preciso de você
Só você sabe como e por quê

Queria chegar e te abraçar
E pelo coração te amarrar
Em vez de te ligar, eu iria te beijar e todos os meus sonhos
iriam acordar

(Agosto - Simoninha)

Por que não é?

devia ser proibido
uma saudade tão má
de uma pessoa tão boa
falar, gritar, reclamar
se a nossa voz não ecoa
dizer não vou mais voltar
sumir pelo mundo afora
alguém com tudo pra dar
tirar o seu corpo fora
devia ser proibido
estar do lado de cá
enquanto a lembrança voa
reviver, ter que lembrar
e calar por mais que doa
chorar, não mais respirar (ar)
dizer adeus, ir embora
você partir e ficar
pra outra vida, outra hora
devia ser proibido...

(Devia ser proibido - Alice Ruiz)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Certinho, feinho, amor ...

Para amenizar um pouco, em clima de bossa ...

Amor à primeira vista
Amor de primeira mão
É ele que chega cantando, sorrindo
Pedindo entrada no coração
O nosso amor já tem patente
Tem marca registrada, é amor que a gente sente
Eu gravo até em disco todo esse meu carinho
Todo mundo vai saber o que é amar certinho
Esse tal de amor não foi inventado
Foi negócio bem bolado direitinho pra nós dois, foi ou não foi?
Esse tal de amor não foi inventado
Foi negócio bem bolado direitinho pra nós dois

(Amor Certinho - Roberto Guimarães, por João Gilberto)

Urgência

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
(Clarice Lispector)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Bate-papo comigo

Ando esquecida de mim, de tanto que amo e sinto saudade. Incongruência? Total. Eu sou amor e saudade. Ambulante. Por aí, às turras com a vida. Ainda não sei se busco coerência, congruência. Sou simples demais pra isso. Busco consistência? Pode ser. Mas não nos bancos universitários, ou na filosofia alemã. Busco consistência na minha relação com o outro e comigo. Não sei quantos diplomas são necessários pra entender que viver é uma exigência. Instintivamente, percebo isso desde pequena, cumprindo minhas corriqueiras obrigações. E sigo assim ... simples para os outros, indecifrável pra mim mesma. Ou o contrário. Cheirei tanto a realidade, que acabei me viciando. E não tenho como parar, convicta demais que estou nesse meu pacto com a vida. Pode bater, pode pesar, pode doer ardido no peito; eu não me esquivo. E quem se esquiva? É só o que nos resta: viver (plagiando Gullar, na cara dura). No máximo, me curvo. Efeito colateral é sempre o mesmo: angústia. Sim, lucidez e angústia andam juntas. Inextricáveis. Estou chovendo no molhado. Mas não é só isso, não. Tem amor. Amor não cura; remedia. Amor distrai todos os sentidos de uma só vez. E então, a gente chega a acreditar que é refém dessa tal felicidade. Que o amor dure muito porque, em se tratanto de amor, o muito é sempre pouco. Mas não adianta se iludir: os sentidos logo se arrependem dessa inebriante distração. Não sei por que estou escrevendo isso, divagando tanto. Auto-conhecimento? Sim, blog é mais barato que terapia. Acho que foi só um tempo pra mim, pra eu me lembrar do que sou feita ... embriagada que ando, sob os efeitos latejantes do amor.

domingo, 20 de julho de 2008

Presença

Na almofada branca,
as sandálias sonham
com a seda dos teus pés…

Partiste..
Mas a alegria ainda ficou no quarto,
talvez no ninho morno, calcado por teu corpo
no leito desfeito…

Entardece…
Esfuziante e verde,
um beija-flor entrou pela janela,
(pensei que a tua boca ainda estivesse aqui…)

Do frasco aberto,
vestidas de vespas,
voam violetas…

E na almofada de seda,
beijo as sandálias brancas.
vazias dos teus pés.

AUSÊNCIA - João Guimarães Rosa

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Reminiscências de um sonho (acordada)

Livros, discos, quadros e roupas. Por onde eu passo, esbarro em você. Nessa madrugada, forcei meu pensamento pra te esbarrar nos meus sonhos. Mas não consegui dormir. Então, resolvi sonhar acordada mesmo. E aí, quase esbarro no limite da minha saudade ... Só que minha saudade não tem limite. Queria poder esbarrar o seu cheiro, e aí eu esbarraria uma alegria infinita. Eita verbo estranho - esbarrar! Pode ser tocar de leve ou chocar-se com algo. A mim parecem ser coisas tão diferentes! Penso em como você esbarrou no meu coração. Ai, Vinícius, né? Mas tocou só de leve mesmo. E então, insistiu um pouco, foi esbarrando, esbarrando ... com uma flor, um sorriso de querer sincero, aquela música do Tim ... Ainda pensa em ser diplomata? Lembro das palavras de um sábio homem, que só é um pouco suspeito porque tem tudo a ver com o fato de você existir: Esse menino tem um poder mágico sobre as pessoas! Não sei que dom é esse, que manha é essa. Ô jeito doce de esbarrar nos meus sonhos! Inclusive, nesse sonho acordada, esbarrei na enormidade do que a gente vai viver. Só esbarrei, quer dizer, só cheguei perto. Sei que tem muito mais. Porque, de verdade, você não só esbarrou, não. Você chegou.

A mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
- para que possas, profundamente respirar.

Quem faz um poema salva um afogado.

(M. Quintana - Emergência)

sexta-feira, 11 de julho de 2008

SIM!

Ele estava no quarto. Ela voltou de pegar alguma coisa da cozinha. Não usava uma lingerie especial, mas o velho pijama de sempre. Estava despenteada, sem perfume. Apenas o seu cheiro de banho recém-tomado. Ia se deitar, estava cansada, mas foi detida pelo abraço dele. Ergueu-a um pouco, olhou para ela com um sorriso resplandecente e perguntou/afirmou: "Sabia que eu adoro esse nosso casamento?!"
Não, eles nunca assinaram nenhum papel, nem estiveram diante de um padre, ou coisa que o valha. Também não ficaram noivos, não namoraram cinco anos para se conhecerem bem e estarem certos do que queriam. Não trocaram alianças, não deram entrada para a compra de uma casa, nem festa para duzentos convidados.
Simplesmente disseram "sim" um para o outro. Brindaram a sorte de terem se encontrado e planejaram viver uma vida em que só caibam coisas essenciais.

Diga sim pra mim - Isabella Tavianni

Eu pensei em comprar algumas flores
Só pra chamar mais atenção
Eu sei, já não há mais razão pra solidão
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo à beira mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim

Eu pensei em escrever alguns poemas
Só pra tocar seu coração
Eu sei, uma pitada de romance é bom
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo à beira mar
Diga sim pra mim
Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim

Prometo sempre ser o seu abrigo
Na dor, o sofrimento é dividido
Lhe juro ser fiel ao nosso encontro
Na alegria, felicidade vem em dobro
Eu comprei uma casinha tão modesta
Eu sei, você não liga pra essas coisas
Te darei toda a riqueza de uma vida
O meu amor

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Por favor

Se eu disser que tenho medo
Não pergunte
Não estranhe
Não se acanhe
Apenas pegue a minha mão
Aperte o meu coração
Reconforte-o
Não questione como, nem por quê
Coloque-me no colo e me abrace
Olhe nos meus olhos e diga:
Não tenha medo.
Eu estou aqui!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Eu te quero até o fim!

Cá comigo, creio que esse canto será, nos próximos meses, o canto da saudade. Cada um canta o que pode ... Então, vou cantar e contar minha saudade. Enorme! Visceral! Como o meu amor. Fiz uma pesquisa rápida e sei que não faltarão canções e poesias sobre o tema. Sambas, então!!! Arre!!! Samba é mesmo pra isso: pra chorar as dores de saudade. "Porque o samba é a tristeza que balança / E a tristeza tem sempre uma esperança / A tristeza tem sempre uma esperança / De um dia não ser mais triste não ..."
Também não faltarão as minhas palavras, minhas lembranças ... doces, entranhadas!

Começo com essa música linda, na voz da Elis.

Para T.C.P.S. (você, que cultiva rosas e amor como ninguém ...)


Amor, não tem que se acabar
Eu quero e sei que vou ficar
Até o fim eu vou te amar
Até que a vida em mim resolva se apagar

Amor é como a rosa num jardim
A gente cuida, a gente olha
A gente deixa o sol bater pra crescer, pra crescer
A rosa do amor tem sempre que crescer

A rosa do amor não vai despetalar
Pra quem cuida bem da rosa
Pra quem sabe cultivar
Amor não tem que se acabar
Até o fim da minha vida eu vou te amar
Eu sei que o amor não tem, não tem que se apagar

(Amor até o fim - Gilberto Gil)