quinta-feira, 6 de março de 2008

Quem nunca viu, vai ver!

Com um pouco de tempo livre, descobrem-se marravilhas. Finalmente entrei na exposição permanente do CCSP - Cantos Populares do Brasil: A Missão de Mário de Andrade. Já sabia que se tratava de uma pesquisa sobre cantos e danças tradicionais do Brasil, feita na década de 30. Só não imaginava que a pesquisa fosse tão extensa e que os resultados - documentários em áudio e vídeo, além de fotos - tão incríveis. A equipe enviada por Mário, então diretor de Cultura da cidade de São Paulo, para as regiões Nordeste e Norte, foi fundo no ideal de redescobrir o Brasil popular, ao qual chamamos, correta ou incorretamente, de folclórico. Bois-Bumbás, Rodas de Coco, Babassuês, Tambores de Crioula e Congadas são manisfestações retratadas nesse trabalho tão rico. As misturas de ritmos, danças, instrumentos e, principalmente, de culturas - africanas, indígenas, européias - estão nesse trabalho. Para quem se interessa por cultura popular, essa exposição é obrigatória. Além das demonstrações feitas em diversos cantos do Pará, Pernambuco e Paraíba, a história de cada tradição é narrada, trazendo à tona um Brasil que vai muito além do Sudeste. Catimbós, cujos mestres de terreiro relutam em se deixar filmar, trazem um sincretismo que é muito mais do que macumba ou pajelança. Os cocos, que têm o ritmo marcado com as palmas das mãos, eram uma alternativa à falta de instrumentos. A história das Congadas trata das coroações de reis e rainhas africanos, escravos, nos cativeiros coloniais. As coroações reprimidas pelos brancos deixaram de acontecer. Mas a dança e a música, nunca. Os pôsteres da exposição são um registro de brasileiros simples, de pés descalços, com seus sorrisos desdentados nos rostos, felizes, cantando e dançando, mas, sobretudo, conservando suas raízes. No livro de visitas, alguém acertamente deixou anotado que o BraZil não conhece o Brasil. Acho que não só o BraZil. O próprio BraSil não se conhece. Além da exposição, podemos entender um pouco mais dessa nossa miscelânea riquíssima no programa Cultura Ponto a Ponto, da TV Cultura, exibido aos dimingos, às nove da noite. O grupo Afromacarrônico, sempre em cartaz às quartas, no Ó, é uma outra fonte valiosíssima. Não custa quase nada. E não tem preço.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oba! Deu água na boca! Vou arrumar um tempinho pra conferir.
Beijos,
Cumpa