terça-feira, 16 de junho de 2009

Desenredo

Essa deve ser a quinta vez que eu tento te escrever alguma coisa, nesses últimos dias. Pensei em escrever sem censura, pra ver se rola ... pra fora. Hoje, tudo o que eu queria era ter leitor de código de barras tatuado em alguma parte do corpo. Pra que você, num lance quase inédito de interesse de descoberta, me decodificasse, sem que eu tivesse que dizer nada. Sem que eu tivesse todo esse desgaste. Nossa, que desgaste! Tô sentindo a alma frouxa, quase descolada de mim. Como é que a gente sabe que a alma tá frouxa? Quando a gente anda por aí, sem sorriso na cara, num passo arrastado, coração pesando toneladas ... E aí a gente renuncia, volta atrás, tenta, tenta, tenta ... "Tenta o quê?", você perguntaria. Tenta brincar de ser feliz, tenta não fazer nada errado, nada que desagrade, nada que esteja fora do script desejado, mas ... quem disse? A vida real é muito maior; seus enredos, complicados; seus personagens reais, muito mais complexos do que se pode pretender. É interessante a relação de perspectiva, não é? Afinal, o que é tolerar, aceitar o outro como ele é? É nunca dizer "mude", "não faça", "não vá"? Ou é respeitar, sobretudo, seus sentimentos mais mesquinhos, feios, contraditórios? Eu sempre encarei com alguma facilidade a frustração do desamor, ou do amor que não era amor. Mas essa frustração de amor tá tão difícil! Na minha lógica colegial, pensei que amar amando seria bálsamo, remédio, cura pra tudo quanto é doença e ferida dessa vida. Foi muita ingenuidade mesmo. Inexperiência, coisa de amador. Ignorar a senhora convivência, essa que nos reflete no outro, escancaradamente, para que saibamos quem somos de verdade e, principalmente, quem não gostaríamos de ser. Essa insana que testa nossos limites mais extensos, que vai até o nosso limbo e liberta todos os nossos monstrinhos, antes tão bem escondidos. O amor, ao contrário, nos faz querer, insistir, odiar, recuar e querer de novo. Por quê? Por tudo aquilo que vai ficando perdido, pelo caminho, aliás, vai ficando no limbo, no lugar dos monstrinhos: o encanto, a ternura, o olho brilhando, as mãos dadas, a flor inesperada ...

2 comentários:

Marcos Pedroso disse...

Cabe em mim perfeitamente.

Bjs.

M.

Anônimo disse...

A flor inesperada...

A alegria mal-criada...

Mas vc diz, eu não sei de nada...

Nem rima, nada!

Tentar o que?