segunda-feira, 10 de março de 2008

Ainda

Ainda pensando porque ainda você. E a imagem que fica é sempre a do teu olhar. Tenho medo de plagiar Machado, mas não tenho culpa de você ter esses legítimos olhos de ressaca. Uma breve pesquisa, nada literária: Calcula-se a ressaca do mar, subtraindo-se a maré astronômica normal da maré dos períodos de tempestade. Normalidade? Tempestade? O que isso tem a ver com você? Comigo? Com nós dois? Aliás, nós dois??? Esquece! São mesmo os teus olhos de ressaca. E, claro, o auxílio luxuoso de um pandeiro.

Você pra mim

Eu nem sei mais o que é:
Vontade?
Teimosia?
Burrice?
Melhor não tentar explicar
Melhor tentar fugir
Melhor que tentar, conseguir.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Quem nunca viu, vai ver!

Com um pouco de tempo livre, descobrem-se marravilhas. Finalmente entrei na exposição permanente do CCSP - Cantos Populares do Brasil: A Missão de Mário de Andrade. Já sabia que se tratava de uma pesquisa sobre cantos e danças tradicionais do Brasil, feita na década de 30. Só não imaginava que a pesquisa fosse tão extensa e que os resultados - documentários em áudio e vídeo, além de fotos - tão incríveis. A equipe enviada por Mário, então diretor de Cultura da cidade de São Paulo, para as regiões Nordeste e Norte, foi fundo no ideal de redescobrir o Brasil popular, ao qual chamamos, correta ou incorretamente, de folclórico. Bois-Bumbás, Rodas de Coco, Babassuês, Tambores de Crioula e Congadas são manisfestações retratadas nesse trabalho tão rico. As misturas de ritmos, danças, instrumentos e, principalmente, de culturas - africanas, indígenas, européias - estão nesse trabalho. Para quem se interessa por cultura popular, essa exposição é obrigatória. Além das demonstrações feitas em diversos cantos do Pará, Pernambuco e Paraíba, a história de cada tradição é narrada, trazendo à tona um Brasil que vai muito além do Sudeste. Catimbós, cujos mestres de terreiro relutam em se deixar filmar, trazem um sincretismo que é muito mais do que macumba ou pajelança. Os cocos, que têm o ritmo marcado com as palmas das mãos, eram uma alternativa à falta de instrumentos. A história das Congadas trata das coroações de reis e rainhas africanos, escravos, nos cativeiros coloniais. As coroações reprimidas pelos brancos deixaram de acontecer. Mas a dança e a música, nunca. Os pôsteres da exposição são um registro de brasileiros simples, de pés descalços, com seus sorrisos desdentados nos rostos, felizes, cantando e dançando, mas, sobretudo, conservando suas raízes. No livro de visitas, alguém acertamente deixou anotado que o BraZil não conhece o Brasil. Acho que não só o BraZil. O próprio BraSil não se conhece. Além da exposição, podemos entender um pouco mais dessa nossa miscelânea riquíssima no programa Cultura Ponto a Ponto, da TV Cultura, exibido aos dimingos, às nove da noite. O grupo Afromacarrônico, sempre em cartaz às quartas, no Ó, é uma outra fonte valiosíssima. Não custa quase nada. E não tem preço.

C´est fini

Foram doze anos. Alguns me perguntam se estou triste. Outros se estou aliviada. Não sei dizer. Ainda estou saboreando o gosto de algo que eu desejei e que, por fim, aconteceu. Não me "pesou" tomar a decisão. Mas não tomá-la, ou não poder tomá-la, me pesava toneladas. Por outro lado, sinto muita gratidão. Gratidão é um sentimento bonito. Talvez, o mais bonito de todos. Tenho gratidão por esses doze anos de convivência com as criaturas mais diferentes, por aprender sempre e sempre, seja algo aparentemente bobo, ou vital. Gratidão pelas pessoas que foram mais do que colegas de trabalho: foram carinhosas, calorosas, acolhedoras e me deram muito mais do que uma colaboração corporativa. Gratidão tenho porque nesses doze anos de convivência conheci e conquistei os meus mais queridos amigos.
Agora, as possibilidades se abrem. Já sei que vou ter que manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo, como diz a música do Walter Franco. Não estou tão acostumada assim aos desafios. Mas quero encará-los, abraçá-los, enfrentá-los. Fazer o que eu gosto? Mais do que isso. Experimentar. A vida sem experimentação é que nos dá os sintomas do cansaço, da acomodação, da falta de coragem. E tudo o que eu quero agora é o oposto disso tudo: do latim, animus: ânimo, energia, audácia, vontade, inclinação, PAIXÃO. Se é assim, então vamos lá!