quinta-feira, 29 de novembro de 2007

ADOCICA!

A vida tá difícil?
ADOCICA!
Seu chefe não pára de te cobrar coisas imbecis?
ADOCICA!
A grana não deu pra cobrir todas as contas?
ADOCICA!
Sua vida amorosa tá mais desanimada que final de baile de formatura?
ADOCICA!
O Corinthians tá quase lá (no rebaixamento)?
Aí, só adocicando mesmo!!!

Esse é o lema da minha amiga Vanessa que, a cada tumulto, pessoa pentelha e lambada da vida, dá uma dançadinha/requebradinha e relembra esse clássico do grande Beto Barbosa:

adocica, meu amor, adocica
adocica, meu amor, a minha vida, oi ...
tá que tá ficando
ficando muito legal
nosso amor é veneno
veneno do bem e do mal ...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Diálogo com a Vida

A vida chegou e disse:
- O que é que você quer?
- Mas eu preciso decidir agora? Me dá meia hora pra pensar?!
- Acelera aí, eu não tenho a vida inteira; quer dizer, você não tem.
- Mas de que me adianta uma vida pela metade?
- Isso é com você. Já te disseram que eu não era fácil. Você devia saber disso.
- Puxa, mas com que pressa você passa! Tô me sentindo atordoada.
- Pois é, vocês adoram atribuir tudo o que dá errado a minha pessoa. Vivem vociferando: "é a vida, é a vida!". Mas, quando é com vocês, querem tirar o corpo fora. Eu não vou carregar tudo sozinha, não!
- Olha, a senhora me desculpe. Geralmente, é só um modo de falar. A gente não consegue explicar tanta coisa e ...
- E aí passam a batata quente pra mim. Mas não vamos mudar de assunto, não. Você já decidiu?
- O quê?
- Como o quê?! O que é que você quer da vida. O que você quer de mim?
- Sabe, Dona Vida, eu tô confusa. Eu quero tanta coisa! Eu tenho direito a quantos pedidos?
- Você deve estar me confundindo com gênios de fábulas. Comigo não há limitação de desejos.
- Não?!
- Claro que não! Aliás, muito me surpreende a sua ignorância. Esses dias ouvi você dizer que se sentia tão preparada para mim ...
- De certa forma, sim. Mas não sei. A senhora está me pressionando, me deixando atrapalhada.
- Preste atenção: você não tem direito só a três pedidos. Podem ser 30, 300, 3000, três milhões. Mas não fique esperando por mim.
- Como, não? Se foi a senhora quem me perguntou?! Por favor, não desista de mim! E eu já tenho a resposta.
- Ótimo, mas eu não quero saber. Eu só precisava te dar esse cutucão. Você nunca ouviu dizer que, às vezes, a vida te cobra?! Agora, não vamos inverter os papéis. Eu sou reponsabilidade sua, e não você minha. Eu não posso te dar o que você quer. Eu só posso fazer com que você se sinta viva.
- E o que eu faço com a minha resposta?
- Como você já deve ter aprendido comigo, ela não tem prazo de validade garantido. Isso que você quer agora pode valer só uns poucos minutos.
- Sim, mas você vai me deixar na mão? Vou ficar sozinha nessa? Eu não sei o que eu faço de você!
- Você não está sozinha. Você tem a mim. Faça o que bem entender: ame, chore, ria, desespere-se, lute, volte a sorrir, cante, encante, salte de pára-quedas, ajude a quem você puder, dance, grite, aperte, assopre, aprenda coisas essenciais ou inúteis, doe-se, receba, compreenda, apaixone-se, rebele-se, aceite, respire, respeite, se vire. VIVA! Só não se esqueça de quem é quem nessa relação. O papel de timoneiro é seu. Não espere que eu te leve.
- Mais alguma recomendação?
- Mesmo nas piores crises, é melhor não se esconder de mim. Não adianta querer me anular, me amortecer. Nós somos uma só engrenagem.
- Eu te quero tanto!
- Eu sei disso.
- Obrigada!
- Vá la fora. Eu chamei o Sol pra te mimar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Música para os trinta

Sou bem mulher de pegar macho pelo pé
Reencarnação da Princesa do Daomé
Eu sou marfim, lá das Minas do Salomão
Me esparramo em mim, lua cheia sobre o carvão
Um mulherão, balangandãs, cerâmica e sisal

Língua assim, a conta certa entre a baunilha e o sal
Fogão de lenha, garrafa de areia colorida
Pedra-sabão, peneira e água boa de moringa

Sou de arrancar couro
De farejar ouro
Princesa do Daomé

Sou coisa feita, se o malandro se aconchegar
Vai morrer na esteira, maré sonsa de Paquetá
Sou coisa benta, se provar do meu aluá
Bebe o pólo norte, bem tirado do samovar
Neguinho assim, ó, já escreveu atrás do caminhão
"A mulher que não se esquece é lá do Daomé"
Faço mandinga, fecho caminhos com as cinzas
Deixo biruta, lelé da cuca, zuretão, ranzinza

Pra não ficar bobo, melhor fugir logo
Sou de pegar pelo pé

Sou avatar vodu, sou de botar fogo
Princesa do Daomé

(João Bosco e Aldir Blanc - Coisa feita)

Reflexões aos trinta

Hoje eu faço trinta anos. Ótimo que as pessoas continuem se espantando quando eu respondo a idade, que não acreditem e peçam pra ver o RG. Juro que não me incomodo. E quem não tem suas vaidades que atire o primeiro frasco de RENEW! Mas não é só o meu RG que acusa esses trinta anos. Acusa, no bom sentido, claro. Eu me sinto, de fato, com essa idade bonita. É verdade que o corpo sente. A TPM fica terrível e os hormônios, agitadíssimos, parecem que se dão conta da responsabilidade dessas três décadas de vida. As dores de cabeça (de todos os tipos) também ficam mais freqüentes: um solzinho mais forte, uma noite mal dormida ou umas cervejas extras. Mas toda a diferença está mesmo numa coisa muito simples. Com dez, eu era só uma garota e, aos 20, não se pode dizer que se é algo além de jovem. Mas hoje, posso dizer, sem qualquer titubeio, que eu sou uma mulher! E isso é bom demais! Aos trinta, apesar de ainda ter um mundo inteiro de descobertas pela frente e o desassossego à flor da pele, eu me sinto muito mais “capacitada” pra esse negócio de viver. Apesar de muito mais realista, muito menos otimista, mais cética do que idealista, me sinto muito mais humana, não no sentido estrito, mas no grandão. Eu não me importo mais com o sofrimento alheio do que me importava há 10 anos atrás, mas agora me sinto muito mais apta a reconhecê-lo. Não associo mais o sofrimento diretamente às grandes catástrofes, como a seca nordestina, o narcotráfico e as guerras pelo mundo. Reconheço o sofrimento numa voz calada, num olhar distante ... sofrimento sem o motivo estampado na cara. Também me sinto muito mais livre de preconceitos, esses muitos que a gente acaba vestindo junto com as roupas que os pais nos colocam desde o berço. Entendo, muito satisfeita, que não se tem que aceitar diferenças. Porque essas diferenças que querem que a gente aceite simplesmente não existem. É verdade que a mulher de 30 tem lá suas ilusões perdidas. Tanta coisa que eu dizia que jamais faria ... E é bom quebrar a cara (não no sentido literal). É bom saber que se pode chutar o orgulho pra escanteio e insistir numa paixão que você quer mais do que tudo. Que as respostas de hoje podem não satisfazer às aflições de amanhã. Que sexo é bom com e sem amor. Que diante de uma perda irreversível, a tristeza se cristaliza, a saudade reside e a vida segue. Bom saber que incertezas vocacionais, às vezes, têm mais a ver com vontades múltiplas, do que com habilidades nulas. Enfim, perdem-se as ilusões e ficam as esperanças. E é esse movimento reflexivo a mola propulsora da vida.
A sensação que combina com essa idade é a de intensidade. Hoje, aceito as tristezas sem o ranço de quem se vitimiza, porque sei que elas fazem parte do processo. Em compensação, os risos são muito mais contundentes. Os sons, a música, os gostos ... tudo vem magnificado. Assim como o amor.
Pois é, hoje, uma mulher com 30 anos, posso dizer que eu sou "coisa feita", ou, numa definição ainda melhor, "a conta certa entre a baunilha e o sal".

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Saravá!



Lindo ver a cultura negra, afro e afro-brasileira nas ruas da cidade. Movimentos de dança que são a própria natureza em manifesto. Música que te tira do eixo, que quer te levar pra todos os lados. Ritmos que despertam o teu corpo. Literatura de lamento doce. Sem dúvida, Consciência Negra é muito mais do que essa cultura riquíssima no foco das atenções uma vez por ano. Até porque um dia é muito pouco e os espaços pequenos pra caber toda negritude brasileira que, com tantos anos de opressão, sequer pôde preservar sua identidade. Nenhuma escravidão durou mais do que a dos negros que vieram ao Brasil. Provavelmente, nenhuma escravidão doeu mais também. Na pele e no espírito. Desagregação tribal e familiar, repressão de suas expressões religiosas e litúrgicas, fora a violência física. Fora a abolição que não integrou o negro que só sabia servir. Integração que, passado mais de um século, não se concretizou. E é só por isso que é preciso entender as Cotas e o Dia da Consciência Negra como pílulas de placebo administradas pra fechar uma ferida sem proporções. O efeito da pílula é nulo. Mas foi preciso olhar pra ferida. E os negros brasileiros, cada vez mais, olham para as suas feridas e se reconhecem como a grande força cultural desse país. Olham pra si e dão um salve a Zumbi dos Palmares, um salve à sua Mãe África, um salve aos seus Orixás. Olham pra si e, através do resgate de suas raízes, sentem-se verdadeiramente livres, negros e brasileiros.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Un regalito

A los nueve empecé a tener ideas raras y un poco locas ...


sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Recordar é sofrer

Quem é homem de bem não trai
O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai, não vai
Assim como não vai, não vem
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem
Capoeira que é bom não cai
Mas se um dia ele cai, cai bem

Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar
Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza camará...

(Berimbau - Vinícius e Baden)

Vamos nessa, cumpanheras!

Pois é, diletas amigas, com as quais já comentei a descoberta dessa maravilha, abaixo apresentada: vocês estão salvas e eu também!!!
Não sei quando começarei o tratamento, mas sugiro que nos reunamos para, todas juntas, depois de dançar ciranda, em momento catártico, possamos ingerir nossas pílulas redentoras. Nunca mais pensaremos coisas ESTRANHAS e/ou ASSUSTADORAS!!!

Seus pobremas se acabaram-se!!!

I) IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
SEROQUEL ®

fumarato de quetiapina

25 mg, 100 mg e 200 mg

FORMA FARMACÊUTICA, VIA DE ADMINISTRAÇÃO E APRESENTAÇÕES COMERCIALIZADAS

Comprimidos revestidos de 25 mg. Via oral. Embalagem com 14 comprimidos.
Comprimidos revestidos de 100 mg. Via oral. Embalagem com 28 comprimidos.
Comprimidos revestidos de 200 mg. Via oral. Embalagem com 28 comprimidos.

USO ADULTO

COMPOSIÇÃO
Cada comprimido contém: 25 mg 100 mg 200 mg
fumarato de quetiapina............. 28,78 mg ou 115,13 mg ou 230,26 mg
(equivale a quetiapina 25 mg ou 100 mg ou 200 mg, respectivamente)
Excipientes q.s.p. ....................................................................................... 1 comprimido
Excipientes: povidona, fosfato de cálcio dibásico, celulose microcristalina, lactose monoidratada, amidoglicolato de sódio, estearato de magnésio, hipromelose, macrogol, dióxido de titânio e óxido férrico*.

* Presente apenas no SEROQUEL 25 mg e 100 mg.

II) INFORMAÇÕES AO PACIENTE

1. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?
SEROQUEL pertence a um grupo de medicamentos chamado antipsicóticos, os quais melhoram os sintomas de alguns tipos de transtornos mentais como esquizofrenia e em transtornos que afetam o humor, ou seja, quando elas se sentem eufóricas ou excitadas ou quando se sentem tristes, deprimidas, culpadas, sem energia, apresentam perda do apetite e/ou do sono.

2. POR QUE ESTE MEDICAMENTO FOI INDICADO?
SEROQUEL
está indicado para:
- Tratamento da esquizofrenia, que costuma apresentar sintomas como alucinações (por exemplo, ouvir vozes que não estão presentes), ter pensamentos estranhos e assustadores, mudanças no comportamento, sensações de estar sozinho e confuso;
- Tratamento de pessoas com um transtorno que afeta o humor, ou seja, quando elas se sentem eufóricas ou excitadas. Pessoas nestas condições dormem menos que o usual, são mais falantes e têm pensamento e idéias rápidas. Elas também podem se sentir extremamente irritadas;

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Caminhando

Continuo mais pra melancolia possível de uma flauta doce do que pra euforia inescapável do pandeiro. De qualquer forma, o jeito é seguir. Ler tudo. Ler o tempo todo. Nossa, como ajuda! Ocupar essa cabeça que se recusa a brigar com todo o resto, mas preenchida ganha forças e se sente quase senhora de si. Ler é a melhor forma de compartilhar as aflições. Quanta gente procurou e continua procurando o mesmo remédio, na certeza mais lúcida de que se está diante do irremediável?! E falando em leituras, estou me apaixonando mesmo pelas letras portuguesas. Herberto Helder é a bola da vez. Não sei se ele é uma espécie de Chico Buarque português, ainda que não tenha nada a ver com música, mas vai entender de alma feminina assim lá na Ilha da Madeira! Depois do maravilhoso Receituário da dor para uso pós-moderno, do João Barrento, vou de Al Berto - o Lunário. Indicações preciosíssimas da professora de Literatura Portuguesa. Ok, estou mesmo carregando na literatura angustiada, mas podia ser pior. Suspendi Kafka e Dostoiévsky. Por enquanto.
*
" ... Estes homens esbulham-nos. Exploram a fonte maternal de que somos dotadas, ficam ali sugando o nosso leite, e deixam-nos completamente vazias. Raça de exploradores. Mergulham a cabeça entre os nossos seios brancos e somos obrigadas a acariciá-los em silêncio, enquanto de olhos cerrados, através de uma suntuosa orgia de recordações e contradições, compõem a sua paz interior, enquanto se recuperam, eles, deixando-nos exautas ... Cegueira maternal, furiosa força de doçura que me empurra para o homem, para a sua perpétua e louca orfandade ..."
(Duas pessoas, Os passos em volta - Herberto Helder)
*
" ... Nas platinelas do pandeiro coloquei surdina ..."
(Armando Fernandes, por Clara Nunes)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Sobrevivências

Ontem, tentando diminuir o que eu sentia, me encolhi toda, num movimento todo pra dentro, quase dando a volta em torno de mim. Mas aí eu percebi que, quanto mais eu me encolhia, mais doía. A tristeza enorme, no aperto, concentrando-se, lutando por mais espaço, querendo doer numa extensão total. E eu resistindo, comprimimdo, espremendo a angústia, cingindo com força. Queria sufocá-la, mas ela me venceu. E então, me abri inteira pra ela. Não posso tirar essa tristeza de dentro de mim. Ela faz parte do que eu sou. E eu sou alguém que, às vezes, quer desmoronar ... nem que seja num quarto escuro, sofrendo calada e sem saber direito por quê.
*
É possível ser feliz sem felicidade.
Sim, é até possível viver sem um rim!
É possível viver sem amor.
Sem amor?! Não, sem amor não se vive, se sobrevive.

(Trecho mal ajambrado da peça Caminhos)

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Bilhete

Na próxima manhã que eu me despedir, não vou esperar você despertar. Sorrateira, na ponta dos pés, me levanto sem te acordar, e deixo um bilhete na tua cabeceira. Vou tentar ser sucinta, até porque não há nenhuma novidade esperando patente. Apenas uma tradução de tudo isso que eu ando te dizendo sem palavras. Sabe esse sorriso que se abre quando eu te encontro? As aflições que se encerram nesse abraço inteiro, enorme, balsâmico que você me dá? A delícia incontrolável de ouvir você cantando, a avidez de conhecer a tua história? É tão difícil e tão perigoso te dizer tudo isso. Ao mesmo tempo tão necessário. Fico ansiosa por uma oportunidade, uma brecha qualquer pra me embrenhar nesse labirinto perdido que você carrega nos olhos. Mas aí, você chega e eu não consigo. Ou melhor, consigo, mas de outro jeito. Eu podia estancar tudo e falar, falar, falar ... Mas, ao invés disso, dou voz à minha pele. Quero todos os minutos, cada um deles, apenas pra experimentar o que me custa tanto argumentar. Prefiro apostar na comunicação das nossas mãos misturdas, dos nossos cheiros entrelaçados. Eles se entendem tão bem! Mas depois que você se vai, meu peito aperta e fica pedindo significação. Como? Se o que dissemos foi tão breve, e o nosso discurso só pode ser tomado na semi-escuridão em que acontece. Períodos curtos. Coordenação perfeita. Subordinação apenas entre os nossos desejos. E então, espero de novo ... Quem sabe mais um pequeno instante, meia hora pra que eu possa desvendar a semântica desajustada dessa cronicazinha que eu inventei pra nós dois. Mas, se eu falhar mais uma vez, deixo o bilhete. Recolho essas letras que tenho espalhado pelas entrelinhas do teu corpo e as prendo num papel em branco. Duas palavras. Sintaxe de primeiro grau. Um verbo transitivo e seu complemento: "Quero você."

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Credo!

TRRRRRRRRRRRRRRRRRRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
TRRRRRRRRRRRUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM
TRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRUUUUUUUUUUU
TRANNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN

Tem um britadeira maldita que não pára nunca, bem aqui na janela ...
Será que eu me salvo desse pesadelo?
Ao menos o Tobi se salvou. Tobi é o cãozinho da família, cuja casa foi atingida pelo jatinho. Ok, ok, a família inteira se perdeu na fatalidade. Mas eu tô feliz pelo Tobi e queria abraçá-lo.
Será que vou me salvar dessa música chata maldita do Caetano?
Será que vou me salvar do Natal?
Vou me salvar desse cansaço incomum?
Da minha mãe me ligando pra que eu resolva mais coisas?
Vou me salvar dos questionamentos infinitos das pessoas?
Vou me salvar do Pedro Páramo e da Bernarda Alba, que eu não consigo ler?
Vou me salvar de mim mesma?
Quero me salvar desse dia.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Para minha amiga, que entende o verdadeiro espírito do Natal

Chu, intrigada com o seu desespero, cada vez que cruza um enfeite vermelho ou lampadinhas pisca-pisca pelas ruas da cidade, me dei conta de que ele, o inominável evento, está muito próximo. Ontem, o velhinho barbudo estava à minha espreita, pendurado na garagem do vizinho da frente. Socorro! Agora, quer saber da sacanagem maior? Talvez com a consciência corroída por aparecer todos os anos, apenas para presentear a prole da classe média alta bem nutrida, com médias entre 8 e 10 nos boletins emitidos pelo Santa Cruz, Bandeirantes e Porto Seguro, o gorducho FDP resolveu regalar as criancinhas negras e pobres (bem como seus pais e avós) com um vendaval. Isso mesmo, Chu! Você não ligou o nome à pessoa? O furacão que está devastando o Caribe e já fez um bom punhado de vítimas, especialmente no Haiti e na República Dominicana, países supimpas, que quase já não têm problemas, chama-se Noel. Claro! Só podia ser ele!!! Muita água e vento para alimentar as criancinhas miseráveis! E muito Play Station (10? 20? 1000?) nas prateleiras e perus congelados nas gôndolas do nosso cinismo civilizatório!
*
Ah, especialmente pra você, tirei do fundo do baú (baú emprestado, claro, que eu nunca curti punk-rock) essa maravilha dos Garotos Podres:
*
Papai Noel filho da puta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres
Papai Noel filho da puta
Rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos
E cospe nos pobres